Abolição da Escravidão ou Princesa Isabel matadora de Zumbis.
Um devaneio sobre uma data não-comemorável.
Fala pessoal, tudo bem? Estamos aqui em mais Um bom dia para uma boa semana.
Dia 13/05/2022 foi uma sexta-feira 13 e também o dia em que se “comemoraram” os 134 anos da Abolição da Escravatura. Essa data não é mais comemorada pela comunidade negra por motivos óbvios. A abolição não trouxe uma libertação da população escravizada. Esta atitude só deu mais um passo na exclusão dessas pessoas e empurrou para o lado uma história de abusos, violência e abandono. Atitudes marcantes em nossa sociedade hoje.
Li um tuíte de um homem negro saudando os cidadãos de bem e a Princesa Isabel. Ele dizia: Mais Isabel, menos Zumbi. Nessa linha, lembrei-me daquele filme: Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros. Eu nunca assisti, mas não é por acaso que me lembrei disso. Esse tuíte levou-me ao pensamento da possível versão brasileira dessa história. Princesa Isabel: Matadora de Zumbi.
Uma das marcas mais profundas da escravização na população negra é de ordem psíquica. As mazelas físicas com certeza ficaram marcadas no inconsciente e são marcas conscientes nos dias de hoje. O racismo é estruturado como linguagem e o inconsciente coletivo aponta para as mensagens que gostaríamos de ignorar. A instrumentação da máquina racista é perversa e agride todos os dias e de todos os lados a população negra. Os ataques à Fundação Palmares e a cogitação de troca de nome para Fundação Princesa Isabel, ou a formulação de que a liberdade foi dada aos negros pelo ato de uma pessoa branca, uma cidadã de bem, são formas de esvaziar a discussão e tirar o foco do que importa. A ascensão de imagens de brasileiras e brasileiros de bem é uma das tentativas da produção de discursos esvaziados. O que importa é que temos um legado da escravização operando até hoje sem nenhuma forma de mudança. Passos foram dados, mas parece sempre que estamos produzindo exceções à regra. Princesa Isabel: Matadora de Zumbi, não é uma história sobre como a Princesa realmente matou o homem de Palmares, mas sim a história de como damos mais a mão para quem quer ajudar do que pra quem precisa de ajuda.
Curtinhas:
Como trazer mais diversidade na hora da contratação.
A tirania das organizações sem estrutura.
Dica de leitura e de série vem da mesma autora. Ana Paula Maia, me foi apresentada pelo meu amigo Gabriel Pardal. Ela é roteirista da série: Desalma no Globoplay, que está com segunda temporada e de livros incluíndo a dica de hoje: Enterre seus Mortos.
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essas ideias. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desses papos. Um bom dia para uma boa semana é quinzenal, mas tem o intuito de ser semanal um dia.