Fala pessoal, tudo bem? Estamos aqui em mais Um bom dia para uma boa semana.
Após um cidadão negro dos EUA conseguir ganhar um processo de reparação contra um grande empresário, cujos antepassados foram donos de pessoas escravizadas, uma série de novos processos começam a ocorrer fazendo com que muitas pessoas brancas encarem um passado “escondido” de suas famílias. E aí? Ficção ou realidade?
Nesse caso, trata-se do quarto capítulo da terceira temporada da série Atlanta (na minha opinião a melhor peça audiovisual feita desde que os Irmãos Lumière apavoraram com um trem em movimento projetado sobre uma tela) The Big Payback. Caso não tenha assistido, recomendo muito parar a leitura aqui e assistir. Não vai interferir na leitura, mas vai deixá-la com um gostinho diferenciado. Depois de ver e ler assiste esse react aqui!
E se te disser que tá rolando algo semelhante na vida real? Isso deveria assustar um total de zero pessoas, porém assusta. Todo mundo ficou sabendo que o ator Benedict Cumberbach (Doutor Estranho/Sherlock Holmes) pode ser condenado pelo passado escravagista de sua família em Barbados, na América Central. Mais de 250 escravizados trabalharam na propriedade dos antepassados do ator. Assim, como todos ficaram sabendo que o também ator Edward Norton (Clube da Luta) descobriu recentemente no programa Finding Your Roots, ser descendente de Pocahontas e que seus antepassados foram donos de escravizados.
Pra mim, o que grita nessa história é a surpresa. Fazendo uma pequena pesquisa sobre as pessoas mais ricas "de família" em países europeus, facilmente chegaremos em nomes envolvidos com a exploração do trabalho escravo. Como é o caso, também em Barbados, da família Drax do Reino Unido. Detentores de propriedades até os dias de hoje no país caribenho e construídas com a força de trabalho de pessoas escravizadas.
Barbados foi colônia do Reino Unido até 1966, mas teve a monarquia britânica como chefe de estado até NOVEMBRO DE 2021. É muito compreensivo vir dessa ilha caribenha tantas reivindicações por reparação. Reparações feitas aos escravocratas, também no Reino Unido, com o Slave Compensation Act. Indenizações foram pagas a inúmeros indivíduos pelas “propriedades perdidas”. Na época, foram 20 milhões de libras, o equivalente a 40% do orçamento do Estado Britânico para o ano de 1833. Em 2020, essa mesma porcentagem do orçamento estatal britânico atingiria a marca dos 371,2 bilhões de libras (2.4 trilhões de reais).
No episódio de Atlanta, a questão acaba tornando-se pessoal, assim como no caso de Benedict. E ela no final das contas não é individual. “Isso não é uma questão de culpa individual. É uma questão de responsabilidade por partes das nações que tornaram a [escravidão] legal, que se envolveram na colonização e produziram os tipos de desigualdades que existem no mundo hoje (DELIBERADAMENTE) que colocam as pessoas que são descendentes de pessoas que foram escravizadas em grande desvantagem em termos de oportunidades de vida” disse William A. Darity, autor do livro From Here to Equality. (Tradução livre)
Aqui no Brasil todo mundo pensa que sabe como foi. Mas vale a pena conferir o querido Tiago Rogero no Projeto Querino. Marcando aqui o segundo episódio: O Pecado Original. Isso rende muito papo e precisa ficar para uma próxima. Precisamos naturalizar esses tipos de conversas se quisermos um futuro menos dolorido.
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essas ideias. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desses papos.
Essa semana gostaria de começar um hábito. Dividir uma imagem que gosto. Começando com um clássico do fotógrafo Neil Leifer:
Esperto!
Infelizmente não tenho hulu pra acompanhar esse episódio, mas assistindo o react acho que consegui sentir um pouco da satisfação dos apresentadores do canal. Boa semana Chico <3