Olá! Eu sou o Chico Canella e essa é Um bom dia para uma boa semana! Uma newsletter quase semanal sobre temas quase cotidianos.
Desde que descobrimos a gravidez da minha amada esposa, tenho pensado muito sobre esse ser humaninho que vai chegar nesse mundão de Deus. E como minhas inseguranças, quem sou e ser expansivo podem afetar esse novato do planeta Terra. Não me recordo muito de como foi quando cheguei por aqui, mas lembro do impacto da figura do meu pai no meu entendimento do que era ser homem e adulto.
Eu não sou filho único. E além disso, sou o caçula de três homens. Sim, o chiquinho caçulinha. Então ter a atenção do meu pai dividida sempre foi a realidade. Mas penso muito se fosse filho único como me sentiria se meu pai tivesse mais interesse em outra pessoa que não eu? Quando Rocky Balboa (Rocky 6) saiu nos cinemas fiquei em êxtase. Além de ser um dos meus personagens favoritos de volta, era o lançamento que pude acompanhar nos cinemas. E o filme é recheado de reflexões maravilhosas, algumas que só reparei reassistindo esses dias. Por exemplo, o Paulie segue trabalhando no frigorífico no qual trabalhava no primeiro filme. E numa cena o Rocky vai visitá-lo e ele está pintando um quadro dentro da câmara. Eu nunca tinha reparado na pintura.
Mas uma coisa que desde a primeira vez me chamou a atenção foi como o filho dele se comportava em relação ao pai. Não conseguia entender da onde vinha aquele remorso, recalque e de certa forma tristeza do personagem interpretado pelo querido Milo Ventimiglia. Rocky Jr. não consegue entender porque o pai precisa fazer o que tem que fazer. E não só isso, culpa-o por querer e tentar.
E daí vem talvez uma das melhores cenas do filme, quando a luta é anunciada e o filho vai até o restaurante para pedir pro pai não fazer isso.
Abrindo um parênteses: muitas vezes não sabemos muito a razão pela qual precisamos fazer algo. Mudar de trabalho, mudar de cidade, quebrar algum padrão que vem massacrando nossa vida. Não é claro o porque, mas é explícita a necessidade. Algo que martela dentro de nós. Algo que não é simplesmente um desejo bobo ou uma fase. É uma avalanche. Por mais que pareça que lutar nesse filme para Rocky é criar um saudosismo com seu passado, na verdade é uma maneira de exorcizar tudo que o prende naquela forma. Naquela sombra. Naquilo que o próprio filho reclama.
Sempre ouvi e agora ouço mais ainda sobre esse amor desconhecido que pais tem por filhos. Lembro da novela Por Amor quando a Regina Duarte (abafa) obriga o médico a trocar seu filho pelo neto que havia nascido morto. E lembro da minha mãe falando “agora vão começar as coisas feitas por amor”. Pensando nisso hoje, bate em mim de uma forma muito engraçada. Não acho que ela daria um filho para um filho não sentir o que é perder um filho, mas ela tranquilamente entende uma mãe que o fez. Esse tal do amor incondicional.
Bom, Rocky ao compreender que seu filho não enxerga a compreensão de seus atos não briga com ele, não humilha, muito menos dá as costas. Mas o relembra do que o filho significa pra ele. De quanto amor é feita essa relação. Eu até ia dizer que Balboa se perde um pouco em Rocky V quando deixa o filho de lado enebriado pelo pupilo Tommy "Machine" Gunn. Porém, não vejo mais isso com tamanha proporção.
Esses dias vi um vídeo numa rede social que um cara dizia “A segunda parte da vida é sobre se curar da primeira”. Colocamos muita pressão nos nossos responsáveis. Os erros deles são sempre muito cobrados e muito apontados. Mas quando fiz 35 anos pensei que tinha a idade do meu pai quando nasci. Com aquela idade meu pai tinha três filhos, era casado há quase 10 anos e parecia ter todas as respostas. Enquanto eu, quando me vi com essa idade tinha mais perguntas do que qualquer resposta. A gente nunca tá pronto né? A gente vai se aprontando. Estou escrevendo isso e imagino meu filho nos meus braços e eu tentando ser a melhor versão que posso para ele. Fico pensando será que a preocupação em ter isso já é um bom caminho? As vezes parece que a sombra dos nossos pais sobre nós são enormes, mas paramos pouco para refletir sobre como elas são para eles.
Deixo aqui o discurso do homem.
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essa ideia. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desse papo.
Que novidade maravilhosa!! Parabéns!!! Nunca vi Rocky então não acompanhei muito do texto. Mesmo assim foi bom ler. Tenho muitas questões em relação a minha família e admiro quem chega nessa 2a parte da vida e começa a se curar.