Olá! Eu sou o Chico Canella e essa é Um bom dia para uma boa semana! Uma newsletter quase semanal sobre temas quase cotidianos.
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Na semana passada escrevi sobre Gourmetização dos Afetos e me peguei pensando qual seria meu pior defeito. Ou pelo menos qual dos meus defeitos me incomodam mais. E cheguei a conclusão que é a permissividade. Mas quando isso começou?
Permissivo
adjetivo
1. que desculpa certas falhas ou erros; tolerante, indulgente. "educadores exigentes e educadores permissivos."
2. que permite; que concede permissão; que envolve permissão.
Esse ai de faixa do Rambo sou eu.
Sempre fui uma criança risonha, alegre e brincalhona. Mas sempre também fui uma criança que fazia o que precisava ser feito. Entendi em algum momento a necessidade de fazer algo para o outro. E durante muito tempo, estudei para meus pais, ouvi músicas para meus irmãos, gostei de quadrinhos pelos meus amigos. E talvez por uma brecha na minha personalidade isso foi me moldando.
Acredito, por motivos óbvios, que não sou o único assim. Mas identifico como a pressão social pode moldar de diferentes formas os indivíduos. Podemos pegar como exemplo gêmeos univitelinos, os clones naturais, teoricamente idênticos, mas que apresentam diversas divergências em gostos, personalidade e preferências. Teoricamente o mesmo indivíduo replicado, porém com impactos diferentes da sociedade sobre eles. Tem aquele filme, Três Estranhos Idênticos, que de certa forma aborda isso.
Bom, em mim, vejo como esse impacto exaltou a permissividade existente em mim. E digo assim, pois tenho dúvidas se por ser permissivo me impactei dessa maneira, ou se a forma como fui impactado me deixou permissivo. E de alguma maneira essa permissividade me colocou ou me ajudou a estar em diversos lugares (geográficos e sentimentais) indesejados por mim.
Tem tempo que não dou uma racializada nas conversas por aqui, mas hoje vai rolar. Por ser uma pessoa ambígua racialmente para os outros (pessoas br4ncas) - as vezes branco demais para ser negro e normalmente negro demais para ser branco - o pertencimento tinha um caráter as vezes difícil de encaixar. E a permissividade abria portas pra mim, nem sempre as melhores, para seguir. De alguma forma, por me sentir por baixo, aceitava o que vinha. E durante muito tempo não “sabia” do que gostava ou do que não gostava.
Vaguei muito tempo sem saber muito o que queria. E acredito que esse traço em mim me dificulta em assumir um lado. Ou de expressar o que quero. Acredito muito no poder curativo que esse espaço tem pra mim, principalmente depois de mudar o tom dessa newsletter para essa forma mais intimista de compartilhar minhas visões de mundo. Diferente do início, no qual estava mais uma vez criando um espaço para ficar a serviço de.
Bem, com muita terapia (obrigado Isa), consegui dar uma guinada na minha vida para caminhos mais interessantes para mim. Consegui identificar mais o que eu quero, o que eu gosto e venho aprendendo a me expressar melhor, ao invés de só calar. Tenho anotado num papel sempre no meu campo de visão quando estou sentado no computador que diz: “Eu expresso meus sentimentos de forma clara” - para me lembrar dessa capacidade e principalmente da minha necessidade de fazê-lo.
Mas e quando todo mundo está acostumado com essa sua forma de estar no mundo e de repente você vai mudando, o que acontece? Bom, acho que esse é um assunto para uma outra news, né? Mas posso adiantar que cabeças rolam, amizades acabam e muitas pessoas ficam decepcionadas com você. E isso é uma coisa boa. Quem sabe um dia escrevo sobre isso.
Qual seu pior defeito? Ele já te meteu em muitas confusões? Vamos trocar uma ideia sobre isso? Se gostou do papo, compartilha com alguém que pode se identificar.
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