Eu sou o Chico Canella e estamos aqui em mais Um bom dia para uma boa semana.
O mundo da voltas e assim como o mundo estou aqui as voltas com a ideia de estar de volta. O encontro do reencontro do escritor com a escrita. Mais um retorno ao exercício de se fazer entender pelo que se escreve. De pensar “em voz alta” e ter como testemunhas os queridos leitores dessa humilde newsletter.
Quando a cobra morde o rabo? Muito se fala sobre o retorno, sobre retornar, tornar de novo. Ouroboros é o símbolo da noção de infinito. Mas no jogo da cobrinha quando ela morde o rabo as coisas findam. Porém esse fim leva ao recomeço. A ideia de começar do ponto que paramos é sempre tentadora. Mas os jogos nos fazem retornar do zero. Retornamos ao zero quando não conseguimos zerar o jogo. Recomeçar é a possibilidade de começar novamente algo. E de repente a melhor forma de se fazer isso é aprendendo com o que se passou.
1 - Não consigo manter um compromisso semanal com esse tipo de escrita.
Ninguém me pediu isso, mas as vezes me sinto impelido a ter uma opinião sobre tudo e fazer vale-la com um belo texto com imagens fortes e poéticas. Porém, manter um mínimo de frequência me da cadência e ânimo. E essas são duas coisas das quais preciso. Para evitar meus “olhos murchos”. Encaro de forma muito pessoal isso aqui. Não chega a ser uma terapia, até porque minha terapia é bem mais monótona do que esses textos, porém me dão cadência1 e ânimo2.
2 - Minha paz realmente custa muito caro.
A busca por essa paz interior realmente custa caro. Não só financeiramente, por exemplo, faço terapia há 20 anos - talvez eu não esteja fazendo direito e eu até concordo com isso, porque durante muito tempo não fiz mesmo, mas até isso me ajudou/ajuda nesse caminho - , mas também me custa e me é caro. A minha paz tem valor moral, monetário e afetivo. E não tem quem consiga me pagar tudo isso. Sei que precificamos tudo hoje. Aparição, palavras, presença, tudo tem um valor para quem quer vender, mas principalmente para quem quer comprar. Se for para me comportar de alguma forma prefiro estocar e de preferência PAZ.
3 - Não quero me rotular nem me prender numa imagem.
Talvez de todos o ensinamento mais difícil e mais custoso. Quando comecei a escrever textos mais opinativos parecia que se esperava de mim falar só sobre questões raciais. E ao mesmo tempo que era libertador por me possibilitar escancarar alguns comportamentos ou posições racistas, classicistas ou burras (rsrsrs), me sentia bem, porém uma convocação se instaura. Você é convidado a se manter ali. E mais uma vez o sistema te aprisiona, porque enquanto os br4c0s podem falar de qualquer coisa e emitirem suas opiniões maravilhosas, eu me sinto preso. Quando falo que não gostei do final da série sobre bilionários, parece ser vazio, já que não usei Deleuze para confrontar minha versão de imagem-tempo do rizoma do corpo-sem-órgãos da dobra produzida por esse fenômeno. E pode até parecer mimimi, mas eu pago pra ver.
Muito dito, nem tanto escrito. Tudo isso pra falar que to de volta, mais uma vez. A depressão não esfregou minha cara no chão dessa vez e pretendo que nunca mais o faça. Meu inverno foi o mais curto em anos. Fico feliz pelo apoio de amigos, família e de quem me ama.
Meu conselho é sempre tomar cuidado com o bicho de Deus em pele de bicho de Deus, pois o lobo a gente sabe o que quer, mas o c*rdeir* nem sempre é tão claro!
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essa ideia. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desse papo.
Substantivo feminino, 1 - encadeamento, sucessão regular de sons ou movimentos; 2 - ritmo, compasso.
Substantivo masculino, 1 - Disposição de espírito; humor; 2 - espírito pensante; alma