Fala galera, tudo bem? Estamos aqui em mais Um bom dia para uma boa semana.
Ao passear pela internet para achar aquela foto do Mario Cravo Neto, que elegi como imagem da semana, me deparei novamente com as imagens de divulgação do disco Esú de Baco Exu do Blues. Fotos de Mario Cravo Neto, tipografia de Gabriel Sicuro e Arte de Eric Mello. Um convite a ver o negro em momentos de alegria, de afeto, de um registro belo e com intervenções que modernizam, atualizam para uma outra realidade.
Esú é o primeiro album de Baco, mas também é o primeiro Orixá a ser louvado. É a comunicação, o leva e traz, a linha direta entre o sagrado e o profano. Um recado dado a Exú é sempre uma certeza de que sua mensagem poderá encontrar seu destino. Nesse sentido, as imagens junto com os grafismos passam mensagens amplificadas pelas canções de Baco.
Em Blvesman, mais uma vez o artista traz uma grande referencia visual que juntamente com suas canções expandem algumas noções. “Tudo que quando era preto, era do demônio e depois virou branco e foi aceito Eu vou chamar de Blues” Um mergulho nas origens e ainda sim com espaço para uma busca. Ele mesmo diz estar a procura de Wakanda.
Baco Exú do Blues enuncia as suas queixas, tenta dar contorno as suas demandas, não só como artista, mas como homem, preto, vindo de fora do eixo sudestino. Com questões, com necessidades e contradições.
Ao trazer QVVJFA (quantas vezes você já foi amado?), Baco começa com: Sinto tanta raiva que amar parece errado. Essa frase ressoa em mim de uma forma profunda.
Nesse momento, gostaria que você realmente separasse o Diogo do Baco. E entendesse Baco como esse Exú do Blues. Uma entidade sentada em uma encruzilhada ou num abismo entre o mundo dos deuses e dos homens. Algo que profetiza e concretiza. Algo que é falado independentemente da boca que se move.
Enquanto a branquitude sela um pacto de mútuo apoio para alcançar hegemonias no progresso, no trabalho e na vida como um todo. O negro é separado em facções e colocado para guerrear uns contra os outros. Seja por espaço, por um flash, uma mudança. Sempre julgado e nunca deixado em paz.
Frantz Fanon fala que o sonho do colonizado é ter o lugar do colonizador. Assim como Paulo Freire diz que quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é virar opressor. “Ter auto estima sendo como eu se tornou pecado” Baco profetiza uma sentença há muito tempo executada, mas que precisa sempre ser lembrada.
Qual o espaço em que essa raiva pode circular? Em que momento isso pode ser comunicado e acolhido? Entendido e processado? Quando vamos ter o direito de sentir essa dor?
Recebi duas mensagens pós último post. Numa a pessoa trouxe a imagem de decantar as coisas que ouvimos. Deixar aquele líquido descansar de forma que as partículas mais pesadas possam se alojar no fundo da vasilha.
A segunda mensagem me mandou esse vídeo. E não consigo parar de pensar no simbolismo de poder se dizer coisas se olhando. E o contorno que isso pode ter na construção da sua imagem de si. Eu ia ter adorado poder parar na frente de mim mesmo e me dizer que meu cabelo é lindo ou que eu gosto do meu sorriso. É claro que isso não soluciona tudo, mas ajudou bastante esse texto encontrar um fim fofo e mais palatável.
É isso povo, muito obrigado para quem chegou até aqui e semana que vem tem mais!
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essas ideias. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desses papos.
Imagem da semana: