Olá! Eu sou o Chico Canella e essa é Um bom dia para uma boa semana! Uma newsletter quase semanal sobre temas quase cotidianos.
O que leva uma pessoa na porta dos 40 anos querer fazer um canal no Youtube? Essa é a pergunta que anda marretando minha cabeça! As vezes penso que viagem e as vezes pendo que viaaaaaaagem, tá ligado? Bom, quando digo Youtube, na verdade me refiro a produção de conteúdo audiovisual para a internet. É claro que o Youtube é um destino possível, mas a vontade não passa. Igual a vontade de fazer um móvel novo para minha vitrola. Parece que você tem uma necessidade de se provar em certos lugares. Não só se provar pros outros, mas para você também. Acho que principalmente para você.
IAs escrevem textos em segundos, o que faz com que EU escreva uma newsletter? A quantidade de conteúdo na internet é vasto e extenso. Mas ao mesmo tempo vazio, né? Uma infinidade de possibilidades que nos levam a uma estafa por excesso. Quantas vezes tiramos aquela horinha de almoço, estamos com a comida quente no prato e ficamos 40 minutos decidindo se é Netflix, Prime ou Max, se é filme ou série, se é stand-up ou terror e terminamos comendo comida fria assistindo vídeo de posição de jiu-jítsu no Youtube.
Queria compartilhar que enquanto escrevo esse texto o modo aleatório do Spotify emendou Octupus’s Garden com With a little help from my friends, ambas pérolas na voz do queridíssimo Ringo Star, que em certo momento se achou desnecessário nos Beatles e meteu o Belchior e sumiu. Talvez o beatle mais subestimado ou soterrado pelos egos ao redor ali, né? Mas com uma vozinha intrigante e com temas maravilhosos para as canções na sua voz. Estou ouvindo Beatles o dia inteiro. Cozinhei, cochilei e agora estou escrevendo enquanto toca baixinho ao fundo.
Desde que mudamos para nossa casa atual minha vitrola está parada. Agora em fevereiro fazem dois anos que moramos aqui. As caixas estavam com problema. Comprei duas caixas menores, até por conta do espaço. Ai o receiver, coitado, respirando por aparelhos foi de arrasta pra cima. Quando compramos um hack novo para a TV, minha esposa pediu para o montador fazer uma adaptação no antigo e desde então esse é o móvel da vitrola. Mas esse ano um pé dele quebrou. Acho que o acumulado disso tudo me deu um estalo. VOU FAZER UM MOVEL NOVO E ESSA VITROLA VAI VOLTAR. Numa sexta-feira chuvosa, esperei uma trégua, abracei o receiver, subi na bicicleta e fui até um shoppingzinho de Copacabana e entrei nessa loja com partes e pedaços de aparelhos de som em estantes, no chão, na parede. Deixei meu receiver lá e hoje torço para que ele volte.
Venho enchendo o saco do meu amigo Eduardo Magalhães, que está de férias na Espanha e tem que me aguentar fazendo perguntas sem fim sobre compensado naval, milimetragem, parafuso, cola de madeira. Mas estou (quase) obcecado por isso. Sorte a minha que meu trabalho não me deixa jogar tudo pra cima e apenas fazer isso. Desenhei o móvel, vai ter o espaço para as caixas ficarem uma de cada lado. Uma pequena elevação para a vitrola ficar, embaixo o receiver em questão. E a baixo quatro gavetas para colocar os discos.
Minha coleção de discos me acompanha desde minha segunda casa no Rio de Janeiro. Temos ai já mais ou menos 12 anos de convivência. Minha primeira vitrola comprei da minha amiga Ingrid. E a segunda do Eduardo, talvez por isso importune tanto ele rsrsrs. Os discos de vinil tem uma parada maneira, dentre as tantas, que é ser mais difícil ouvir a mesma música. Meio que te obriga a ouvir todas as músicas ou ficar debruçado sobre a vitrola para repetir e repetir e repetir. Conheci diversas músicas de muitos artistas por isso. Coisa que o Spotify não faz. Até porque os algoritmos seguem algo no ritmo que as bigtechs querem, né?
Minha resposta pra produção de conteúdo é muito similar a porque temos discos na era do streaming. Primeiro ser proprietário. Poder ouvir música offline. Ter propriedade sobre o que penso e digo. Ter possibilidade de colecionar meus pensamentos, ainda que arquivados num lugar digital, poder acessar essa galeria e compartilhar, errar, acertar, conversar. Na verdade queria abrir uma cadeira de praia na calçada e fofocar. Algo nesse ritmo. A segunda razão é ponto de vista. Acho importante (como já tem) mas terem mais pessoas não brancas opinando sobre tudo como as pessoas brancas fazem. Sem militância, mentira com um pouquinho, mas de forma suave.
Bom, vem aí! Já estou no processo de produção dos primeiros vídeos e eles vão dialogar muito com os textos daqui. Talvez complementar ou interagir. E dessa maneira, vamos crescendo. Sem pisar em ninguém, sempre pedindo licença para entrar e agradecendo ao sair!
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essa ideia. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desse papo.
PS: a internet caiu durante a produção desse texto.
Vai ser ótimo te ler no formato audiovisual! Também me pergunto porque faço as (poucas) artes que faço. Acho que pelo desejo de experimentar algo novo, de pesquisar e aprender coisas, de criar um rastro no mundo. “Em 2025 Chico esteve aqui. Registrou seu corpo, sua voz, seus sentimentos e reflexões com uma câmera. Tá tudo aqui nesse HD.” Acho massa começar sem pressão, só pela curiosidade de ver o que sai e como chega nas pessoas!