Fala pessoal, tudo bem? Estamos aqui em mais Um bom dia para uma boa semana. Dessa vez não na segunda como seria de praxe, mas o importante é estarmos aqui.
Hoje gostaria de falar da minha paixão por fotos de pessoas de costas.
Uma expressão é uma das coisas mais difíceis de se chegar, para mim enquanto produtor de imagens, quando se trata do trabalho com o outro. Explicar pra pessoa o que eu quero e como sinto aquela imagem é do campo de uma ausência de talento para mim. Talvez venha dai meu fascínio com as fotos de pessoas de costas.
Revirando o acervo familiar, encontrei essa foto da minha vó cortando a grama da casa dos meus pais no início dos anos 1980. Sei que é Silea, pois conheço ela, mas se não o soubesse, quantas pessoas poderiam ser? Quantas ficções e fricções com a realidade poderiam ser criadas?
É claro que estou fazendo uma crítica a geração selfie ou as necessidades criadas por esse momento no qual tudo é espelho. Um momento no qual revela-se sempre a superfície dura, deixando passar batida as nuances possíveis. Tudo tão real, tão real time, tão agora. Sem espaços para respiro ou questões que abram outros caminhos.
Sei que não é uma exclusividade da fotografia de pessoas de costas isso. O personagem pode estar encarando a lente e não conseguirmos decifrar. Tal qual a Esfinge: Decifra-me ou te devoro, somos puxados para campos cada vez mais concretos da representação. E as respostas parecem cada vez mais óbvias. Cada vez menos reflexivas. Tudo isso dito no campo do mainstream, do comum, do compartilhado pelas massas.
Revelar é mostrar, mas também é velar novamente. O que revelamos nas imagem a seguir? Quais são os nossos pensamentos em relação a isso? Existem imagens que abrem campos para memórias impossíveis?
Uma ótima semana e até o próximo Um bom dia para uma boa semana.
Foto de William Eggleston.
Foto de Mario Cravo Neto.