Eu sou o Chico Canella e estamos aqui em mais Um bom dia para uma boa semana.
Nadar:
Próximo ao momento de aprender a andar1, meus pais ficaram preocupados com a piscina que tem na casa deles. E por isso resolveram me colocar na aula de natação. Tio Gregório me ensinou a nadar e depois Tio Vitor me ensinou a ser um nadador. Gosto de pensar que era muito bom. Chegamos a competir algumas vezes. Mas depois que cresci me dediquei mais a esportes coletivos e acabei deixando a natação de lado. É impressionante como assim que me mudei para Copacabana, antes mesmo das caixas serem desempacotadas, já estava tentando ser atleta da Prof. Barbara Valente. Um Valente do Mar. Mas antes desse encontro poder acontecer, me reencontrei com o mar e com o nadar. É impressionante como o tempo é distinto dentro d’água. Outro tipo de sustentação e de comportamento do nosso corpo. E quando falamos de mar o buraco fica ainda mais profundo.
O mar talvez seja a maior imagem do inconsciente. Imersos naquela imensidão que ainda comporta tantas outras imensidões nos deparamos com medos primordiais. Ao nomearmos esses medos, falamos em animais, em manifestações, em sei lá mais o que. E na verdade, tudo que o mar precisa é de respeito. Respeitar o mar é entender sua dimensão imensurável, é reconhecer a magnitude da sua existência e também acatar seus sinais. A natação em águas abertas precisa ser pautada por isso. Se não vira apenas mais um colonialismo contemporâneo. Ninguém conquista o mar. Ninguém é maior que o mar. No mar a gente pede licença para entrar e agradece ao sair. Pois, numa troca de vento ou numa corrente mais forte nos perdemos nessa imensidão. O mar também nos pede harmonia e equilíbrio.
Nadar no mar é uma experiência de expansão da nossa consciência. Nadar no mar é uma experiência de cardumizar, de coletivizar sensações, fluxos, ritmos e afetos. É experimentar ser um microcosmo dentro desse macro infinito. E esses momentos também são Flow. São os momentos de maior fluxo junto a nossas sensações e emoções. O silêncio imposto pela água nos ouvidos facilitando a conexão consigo. Os sons do fundo, o ir e vir dos cardumes, a presença da vida e da morte. Reconhecer movimentos das águas, notar e aprender mais sobre o mar. Desenvolver melhor nosso respeito.
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essa ideia. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desse papo.
Andar é um anagrama de Nadar.
Ainda não tinha lido esse texto e gostei MUITO. A ideia de que ninguém pode colonizar o mar é linda e me dá esperança.