Olá! Eu sou o Chico Canella e essa é Um bom dia para uma boa semana! Uma newsletter quase semanal sobre temas quase cotidianos.
Essa semana começando diferente SEM TÍTULO! Bom, quis fazer um free style e escrever um pouco sobre como tenho me afetado por muitas transformações que minha vida tem tido. Ando a flor da pele de um jeito diferente nos últimos dias. Depois de um período mais ansioso, no qual cheguei a conversar com as pessoas que me acompanham (psicóloga e psiquiatra) sobre a necessidade de mais recursos para lidar com essa tal ansiedade, estou mais emocionado. E claro que acho que essa emoção tem tudo a ver com a chegada do meu filho, mas também com a constatação de um momento da vida.
Não param de pular pessoas grávidas na minha timeline e isso tem mexido muito comigo. Pensar no futuro é algo assustador, devido a todas as nossas questões climáticas, políticas e assédios de bilionários. Mas ficar preso no passado também é assustador. Numa conversa com uma pessoa que acompanho nos perguntamos porque nos prendemos em certos detalhes quando a nossa própria história já nos mostrou o tanto que caminhamos a respeito disso? E chegamos a uma conclusão, talvez parcial, de que o fracasso ou o desvio do que imaginamos que seria o certo, alimenta e é alimentado por experiências passadas que nos traumatizaram. O trauma é uma marca. A tatuagem é um trauma na pele. E o desenho é algo que nos lembra daquilo o tempo todo. Ou que nos lembra daquilo até também virar paisagem. Não estou minimizando situações traumáticas, mas as vezes já passamos e repassamos tanto por aquilo que essa insistência em se manter no sofrimento me é estranha.
Mais uma vez, sem querer generalizar ou minimizar a experiência individual. Cada um lida como pode com o que acontece.
A batalha pelo futuro é um tema muito importante pra mim. Cresci com filmes em que a humanidade é extinta seja por um cyborg enviado do futuro para assassinar um futuro líder da resistência humana ou no qual a humanidade é transformada em bateria por máquinas que as mantém num mundo fictício. E pra mim hoje a pedra fundamental é o que nós mandamos para o futuro. Daí mais um ponto para que pessoas legais tenham filhos legais. E que essas pessoas possam ser melhores do que nós somos para que vivam em um mundo melhor do que vivemos.
Utópico sim, Irreal jamais!
Tudo isso leva a um vídeo que minha amiga pessoal Juju Santos me encaminhou na internet que fala sobre a habilidade fina chamada Resiliência. E essa habilidade realmente, como a moça diz no vídeo, é mais apurada com o tempo. A vivência e o entendimento de como fazemos parte dos espaços, da vida das pessoas e do mundo. Porque como disse o Discurso do Pai (que ela cita também) a vida não é um arco-íris de fantasia. A vida é dura. A vida cobra. E não é sobre o quanto você se prepara para a vida. É sobre como se lida com as adversidades propostas por ela. Por isso, existe tamanha importância na experiência esportiva. Essa mostra como por mais preparado que estejamos certas ou a maior parte das coisas está fora do nosso controle. Mas como lidamos com esses momento, é o que vai definir quem somos.
No filme Viagem a Darjeeling de Wes Anderson, os três irmãos brigam pelo passado. A perda do pai faz com que os três se percam em desavenças, críticas mútuas e até um reflexo de como foram mimados. Mas num momento no filme eles veem três crianças em apuros na travessia de um rio. O ritmo do filme muda para algo acelerado de uma forma muito rápida. E ali tem esse fio fino que é o presente e a capacidade de agir. Tudo que parece sólido se desfaz e abre espaço para um vazio no qual a única forma possível de preenchimento é a presença. Então, três filhos órfãos de pai precisam contar para um pai que um de seus três filhos morreu.
Eu ando vagando pelo Largo da Memória. Reencontrando com lembranças, com escolhas e tentando atualizá-las. E esse exercício se faz necessário cada vez mais. Um tipo de necessidade gerada pela vida. Vida que é dura. Vida que é um episódio da morte. Vida que é o que temos de mais precioso para aproveitar e para viver.
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essa ideia. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desse papo.
Um amigo muito inteligente lançou essa aqui: “O que é a vida se não acumular traumas?”
Fiquei pensativa. A vida é acumular e também lidar com esses traumas e fazer o máximo pra que nosso passado não paralise nosso presente.
Com a mesma lógica: a vida é acumular medos como o medo do futuro. Talvez o futuro seja ruim, mas se a gente viver o presente paralisado por essa sombra, o presente vai ser ruim também. #papodecoach