Fala galera, tudo bem? Estamos aqui em mais Um bom dia para uma boa semana.
Candeia brinda ao cansaço. O premio pra vitória do boêmio que bebeu de bar em bar o seu fracasso. Tentando encontrar o amor que a sua voz não consegue cantar.
Estamos, como disse no último texto, cansados. Cansados de todas as mazelas físicas e psíquicas oriundas do modelo branco-cis-heteronormativo-padrão, das síndromes de impostor(a), ou de ter que nadar tanto para conseguir o mesmo, que as pessoas privilegiadas conseguem em 10m. O revisionismo não vem. A mudança efetiva e de base não chega. As pessoas que furam as bolhas precisam ficar mais preocupadas em nadar com os tubarões, enquanto os outros ficam a deriva.
Os textos começaram a caminhar para esses temas de forma muito natural. Cartografias afetivas, uma tentativa de olhar pro homem negro com mais afeto. Princesa Isabel matadora de Zumbis, uma visão do apagamento das conquistas e da produção de possibilidades pela comunidade negra. Mussum e o aprisionamento do homem preto. Toda a construção e produção de riqueza a partir do modelo colonial. Toda a lógica patriarcal que sufoca a sociedade com o silencio masculino. E a incapacidade de conseguir se amar por parecer impossível dentro de tanta raiva caber amor. Nem toda pesquisa científica, social e política produz um tipo de revisão histórico-social necessária para a transformação na sociedade que precisamos. (Deixo aqui dois podcasts fantásticos do Tiago Rogero Vidas Negras e Projeto Querino. Como disse Taís Araujo no PodPah “A História que a História não conta”)
E ainda assim, insisto em me expressar contra todas as vozes na minha cabeça.
Mas como o querido Lucas Veiga escreveu em seu livro Clínica do impossível - linhas de fuga e de cura: “O fim imediato do racismo é impossível”. Lucas explica que toda violência aplicada sobre as pessoas negras é absorvida como afeto de ódio e acarreta em casos de auto-ódio ou complexo de inferioridade causando perda de sentido da vida e outras mazelas aos indivíduos. E o autor continua “a clínica com pessoas negras é sempre uma clínica do impossível”. E conclui: “Quando digo que a clínica com pessoas negras é uma clínica do impossível, quero dizer que, por mais diversos que sejam, todos meus pacientes negros precisam encarar o impossível da resolução do racismo e este encontro com o impossível pode ter como resultado uma sensação de impotência e insuficiência que resvala em várias áreas de sua vida. Ao mesmo tempo, este encontro com o impossível coloca diante de nós a urgência da fuga”.
Hoje entendo porque a escrita trava, a razão do meu menosprezo e a crença cega de que toda semana ninguém nem leu nem lerá estas linhas. Porém, entendo esse espaço como a minha fuga. Ser o que nunca imaginei que poderia ser. Porque me tornei psicólogo muitos anos depois de terminar a faculdade, da mesma forma que só me senti dono do meu negócio muitos anos depois de ser sócio dele. Aqui mais do que resistir, eu insisto.
Entendo Candeia buscar o amor que sua voz não consegue cantar. E essa news é um exercício para encontrar as palavras que quero falar. Construir os pensamentos que quero pensar. E promover debates para além do lacre. Porque a sociedade produz o cansaço nas minorias e chupa delas todos os louros numa grande e eterna Ode ao Descaso.
Caso vocês gostem das discussões aqui levantadas e tenham vontade de responder, realmente estou aqui para trocar essas ideias. Além disso, se gostarem do conteúdo, indiquem para amigos que vocês acreditam que se beneficiarão desses papos.